sábado, 10 de janeiro de 2009

Construção de novos museus

Saiu na revista The Economist de Dezembro de 2008/Janeiro de 2009 um artigo bastante interessante entitulado "A farra da construção de novos museus". Nele, a questão da explosão da construção de museus é abordada, seus impactos positivos e negativos são relatados. No entanto, farei aqui uma exposição um pouco mais aprofundada sobre o tema construção de novos museus, tema tão importante pra cultura e turismo do Rio de Janeiro.

O texto começa reconhecendo o sucesso do Museu Guggenheim na cidade espanhola de Bilbao. Construído em 1997, pelo prêmio Nobel de Arquitetura, Frank Gehry, foi erguido na capital da província de Biscaia, no País Basco, na Espanha.

Bilbao é um cidade de 353 mil habitantes (Instituto Nacional de Estatísticas da Espanha, 2008), altamente industrializada tendo como atividades secundárias importantes a mineração e siderurgia. Possui ainda um importante porto, sendo um dos cinco mais importantes da Europa, transportando cerca de 70 mil passageiros anualmente.

Com a construção do Museu Guggenheim na cidade Bilbao, o turismo cresceu de maneira explosiva, fazendo com que, em 2007, 623 mil turistas fossem a esta cidade.

Sem dúvida, a construção de um museu reconhecido internacionalmente, como o Guggenheim, é um grande indutor do turismo, uma realização importante de propaganda para qualquer cidade. Não só isso, é um promotor do orgulho cívico da população local.

No entanto, devemos perceber a complexidade e as potencialidades da cidade. Mesmo antes da construção do famoso museu, a cidade já possuia uma economia bastante dinâmica e, além disso, era um pólo político importante na Espanha, já que era a capital da Comunidade Autônoma Basca.

Bilbao conta ainda com outros grandes exemplos de arquiteturas monumentais: a Casa Consistorial, o Palacio Euskalduna, o Palacio Chávarri e o Teatro Arriaga, além da arquitetura religiosa como a Catedral e a Basílica de Nuestra Señora de Begoña. Ademais, conta com a presença de outros museus como o Museu de Belas Artes, o Museu Arqueológico, Etnográfico e Histórico Vasco e o Museu Marítima Ría del Bibao.

Esse é um exemplo importante de sucesso para o Rio de Janeiro, um exemplo a ser seguido.

No entanto, cito acima as condições econômicas e populacionais da cidade de Bilbao porque o sucesso de museus e sua conseqüente promoção do desenvolvimento urbano não é uma regra. Assim afirma o autor do artigo, Emily Bobrow: "Os museus desfrutam de grande número de vistantes nos primeiros dois anos, mas depois a freqüência tende a cair".

Um exemplo deste insucesso está em Denver, onde Daniel Libeskind projetou um novo edifício no valor de US$ 110 milhões. Ocorreu grande explosão de visitantes em 2006, no entanto, esta presença depois diminuiu. Assim, restrições orçamentárias forçaram a casa a demitir funcionários.

Podemos ainda ressaltar um fato importante: o investimento privado, principalmente o realizado por ricos doadores, é ainda uma oportunidade de acumulação de capital para investimento em construção de novos museus ou na ampliação dos já existentes. Segundo a The Economist: "Ricos doadores privados têm ficado contentes por contribuir com grandes somas em troca de uma nova e glamourosa ala batizada com seus nomes. Mas as doações tendem a minguar depois que o museu é reaberto e os diretores precisam encontrar outras maneiras de atrair os turistas. Depois que a empolgação inicial acaba, os custos operacionais disparam".

Por fim, depois desta análise geral, passamos à análise regional das condições fluminenses. Hoje o Estado conta com uma rede atraente de museus, entre eles:
a) Museu Imperial de Petrópolis;
b) Museu Nacional de Belas Artes (MNBA);
c) Museu Histórico Nacional;
d) Museu Histórico da República;
e) Museu Chácara do Céu;
f) Museu de Arte Moderna (MAM);
g) Museu da Quinta da Boa Vista;
h) Museu de Arte Contemporânea (MAC);
i) Forte de Copacabana - Museu Histórico do Exército.

Para que o Rio possa competir e atrair cada vez mais turistas, precisa mais do que investir na ampliação desses museus (e aqui me refiro tanto em gastos públicos como em gastos privados), precisa integrá-los numa rede cultural, através de bilhetes e serviços de transporte.

Não só isso, precisamos aumentar, cada vez mais mais, a presença desses espaços públicos no
contidiano dos cidadãos. Através de incentivos a ida, principalmente, de estudantes aos museus do Estado, podemos conseguir aumentar a procura por museus, promover o desenvolvimento artístico e o amadurecimento da rede educacional fluminense. Afinal, não é só a escola a fonte de formação acadêmica dos alunos, a arte não pode faltar no curriculum.

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