sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Conservação das vias urbanas. Fonte da Saudade.

Estava passando hoje de bicicleta em um espaço de ciclovia na Fonte da Saudade, Lagoa. De repente, me choco com uma árvore que ocupava praticamente toda o espaço da via de passagens de pedestres e bicicletas.






Em frente à Escola Municipal Pedro Ernesto, a árvore que começava no colégio, passava pelo muro e acabou por ocupar todo o espaço da via pública. Com isso, ninguém podia passar, os galhos das árvores tomaram tudo. Como se pode ver, as pessoas acabavam sendo obrigadas a desviar, praticamente sair da calçada para poder se locomover.

Desci de minha bicicleta e resolvi fazer minha parte para melhorar um pouco as condições de transporte e acesso em nossa cidade. Aparei os galhos da árvore de forma que possibilitassem a locomação das pessoas pela via pública. Ganhei alguns arronhões e me sujei bastante fazendo isso.

Depois de muito esforço e força para quebrar alguns galhos que impediam a circulação das pessoas, o espaço ficou aceitável.


Como se pode ver, o espaço antes incirculável, tornou-se um novo espaço, sem obstáculos. Onde as pessoas, podem novamente circular.

Por fim, o lixo orgânico, os galhos de árvores, folhas e frutos que acabaram sendo jogados na via urbana, de forma nenhuma foram deixados lá; ao contrário, foram recolhidos e jogado num lixo de entulhos.
O ideal mesmo seria que fossem utilizados como lixo orgânico e, devidamente reciclados. Infelizmente essa opção não se fez possível pois não existe um processo organizado de coleta seletiva na cidade.



Mais do que ser pessoas críticas, que entendam, reclamem e propunham soluções aos problemas
urbanos, os políticos, em especial, prefeitos e vereadores, deveriam ter uma qualidade central: empreendedorismo e realização de ações concretas. Precisamos desse realizações simples. Cuidar do básico é criar condições para desenvolver grandes projetos. Renovar o Rio começa com isso. Afinal, são atitudes simples que constróem realidades antes consideradas impossíveis.

domingo, 11 de janeiro de 2009

Agroturismo: uma idéia de Santa Catarina para o Rio

Em 1998 surgiu no Estado de Santa Catarina um projeto voltado para o desenvolvimento do turismo e da agricultura local: o projeto Acolhida na Colônia.

Me abstenho de explicar tal iniciativa com minhas palavras, assim, faço uso da descrição dos próprios organizadores do projeto:

"Somos uma associação de agricultores integrada à Rede Accueil Paysan (atuante na França desde 1987) que tem a proposta de valorizar o modo de vida no campo através do agroturismo ecológico.

Seguindo essa proposta, nós agricultores familiares de Santa Catarina abrimos nossa casa para o convívio do nosso dia-a-dia. O objetivo é compartilhar com você nosso saber fazer, nossas histórias e cultura, nossas paisagens... oferecemos hospedagens simples e aconchegantes com direito a conversas na beira do fogão a lenha, a tradicional fartura de nossas mesas e passeios pelo campo.

Cientes de nossa responsabilidade para com a natureza, praticamos e promovemos a agricultura orgânica como base do nosso trabalho, garantindo com isso uma alimentação saudável para nossas famílias e para você visitante".

Está certo que, hoje, a agropecuária representa apenas 0,4% do PIB estadual. No entanto, isso mostra uma boa capacidade de crescimento do setor, se aliado ao punjante turismo fluminense. Temos hoje alguma produção agrícola na Região Serrana e Norte Fluminense, que poderia crescer com o auxílio do turismo e com a concessão de incentivos estatais.

De forma nenhuma há aqui a tentativa ou o desejo de desenvolver uma agricultura forte no Estado do Rio, como há no Mato Grosso do Sul, em São Paulo ou no Paraná. Entretanto, o turismo ecológico hoje cresce e o Rio pode crescer neste sentido, ao mesmo tempo, gerando alguma riqueza, mesmo que pequena, para famílias que trabalhem com a agricultura.

Talvez até pudessemos pensar em modificar um pouco o projeto, fazendo com que ele abranja outras áreas, diferentes da agricultura, como as comunidades de pescadores ou aplicá-lo em áreas de praia. Sem dúvida geraria bons dividendos para o nosso Estado além de ser uma ótima oportunidade para famílias pobres e cidades pequenas que não oferecem muitas oportunidades.

sábado, 10 de janeiro de 2009

Ecologia e economia solidária

A Prefeitura de Niterói, na gestão de Godofredo Pinto (PT), inaugurou um novo projeto: a Escola Municipal de Meio Ambiente. Nela, cursos ensinam como construir aquecedor solar com garrafas PET e como transformar óleo em sabão.

A partir disso, as oportunidades são imensas: pode-se formar cooperativas de transformação de óleo em sabão para a posterior venda do novo produto ecológico em comércio populares. Além disso, com a construção de aquecedores solares, democratiza-se um conhecimento muito importante, principalmente, para a economia em áreas carentes.

Se o mesmo projeto fosse implementado na capital, na cidade do Rio de Janeiro, poderíamos colher bons frutos: formação de pequenas empresas ou cooperativas ecologicamente sustentáveis para a produção de aquecedores solar e de sabão, principalmente, nas favelas como parte de um programa maior de urbanização. Toda a formação destas cooperativas ou pequenas empresas poderia e deveria ser auxiliada pela Prefeitura do Rio.

Não se resume a isso, há ainda outras formas de conciliar ecologia e economia solidária: a formação de cooperativas de reciclagem. Hoje, na cidade do Rio já são várias e estão presentes em vários bairros.

Por fim, o projeto aplicado em Niterói, poderia formar voluntários capazes de ensinar alunos do ensino básico e médio o tema consciência e meio ambiente. Sem dúvida, um assunto de grande relevância para o futuro.

Não, erro ao dizer isso, deveria dizer apenas: um assunto de grande relevância. Não só para o futuro, como também para o presente.

Construção de novos museus

Saiu na revista The Economist de Dezembro de 2008/Janeiro de 2009 um artigo bastante interessante entitulado "A farra da construção de novos museus". Nele, a questão da explosão da construção de museus é abordada, seus impactos positivos e negativos são relatados. No entanto, farei aqui uma exposição um pouco mais aprofundada sobre o tema construção de novos museus, tema tão importante pra cultura e turismo do Rio de Janeiro.

O texto começa reconhecendo o sucesso do Museu Guggenheim na cidade espanhola de Bilbao. Construído em 1997, pelo prêmio Nobel de Arquitetura, Frank Gehry, foi erguido na capital da província de Biscaia, no País Basco, na Espanha.

Bilbao é um cidade de 353 mil habitantes (Instituto Nacional de Estatísticas da Espanha, 2008), altamente industrializada tendo como atividades secundárias importantes a mineração e siderurgia. Possui ainda um importante porto, sendo um dos cinco mais importantes da Europa, transportando cerca de 70 mil passageiros anualmente.

Com a construção do Museu Guggenheim na cidade Bilbao, o turismo cresceu de maneira explosiva, fazendo com que, em 2007, 623 mil turistas fossem a esta cidade.

Sem dúvida, a construção de um museu reconhecido internacionalmente, como o Guggenheim, é um grande indutor do turismo, uma realização importante de propaganda para qualquer cidade. Não só isso, é um promotor do orgulho cívico da população local.

No entanto, devemos perceber a complexidade e as potencialidades da cidade. Mesmo antes da construção do famoso museu, a cidade já possuia uma economia bastante dinâmica e, além disso, era um pólo político importante na Espanha, já que era a capital da Comunidade Autônoma Basca.

Bilbao conta ainda com outros grandes exemplos de arquiteturas monumentais: a Casa Consistorial, o Palacio Euskalduna, o Palacio Chávarri e o Teatro Arriaga, além da arquitetura religiosa como a Catedral e a Basílica de Nuestra Señora de Begoña. Ademais, conta com a presença de outros museus como o Museu de Belas Artes, o Museu Arqueológico, Etnográfico e Histórico Vasco e o Museu Marítima Ría del Bibao.

Esse é um exemplo importante de sucesso para o Rio de Janeiro, um exemplo a ser seguido.

No entanto, cito acima as condições econômicas e populacionais da cidade de Bilbao porque o sucesso de museus e sua conseqüente promoção do desenvolvimento urbano não é uma regra. Assim afirma o autor do artigo, Emily Bobrow: "Os museus desfrutam de grande número de vistantes nos primeiros dois anos, mas depois a freqüência tende a cair".

Um exemplo deste insucesso está em Denver, onde Daniel Libeskind projetou um novo edifício no valor de US$ 110 milhões. Ocorreu grande explosão de visitantes em 2006, no entanto, esta presença depois diminuiu. Assim, restrições orçamentárias forçaram a casa a demitir funcionários.

Podemos ainda ressaltar um fato importante: o investimento privado, principalmente o realizado por ricos doadores, é ainda uma oportunidade de acumulação de capital para investimento em construção de novos museus ou na ampliação dos já existentes. Segundo a The Economist: "Ricos doadores privados têm ficado contentes por contribuir com grandes somas em troca de uma nova e glamourosa ala batizada com seus nomes. Mas as doações tendem a minguar depois que o museu é reaberto e os diretores precisam encontrar outras maneiras de atrair os turistas. Depois que a empolgação inicial acaba, os custos operacionais disparam".

Por fim, depois desta análise geral, passamos à análise regional das condições fluminenses. Hoje o Estado conta com uma rede atraente de museus, entre eles:
a) Museu Imperial de Petrópolis;
b) Museu Nacional de Belas Artes (MNBA);
c) Museu Histórico Nacional;
d) Museu Histórico da República;
e) Museu Chácara do Céu;
f) Museu de Arte Moderna (MAM);
g) Museu da Quinta da Boa Vista;
h) Museu de Arte Contemporânea (MAC);
i) Forte de Copacabana - Museu Histórico do Exército.

Para que o Rio possa competir e atrair cada vez mais turistas, precisa mais do que investir na ampliação desses museus (e aqui me refiro tanto em gastos públicos como em gastos privados), precisa integrá-los numa rede cultural, através de bilhetes e serviços de transporte.

Não só isso, precisamos aumentar, cada vez mais mais, a presença desses espaços públicos no
contidiano dos cidadãos. Através de incentivos a ida, principalmente, de estudantes aos museus do Estado, podemos conseguir aumentar a procura por museus, promover o desenvolvimento artístico e o amadurecimento da rede educacional fluminense. Afinal, não é só a escola a fonte de formação acadêmica dos alunos, a arte não pode faltar no curriculum.